História da cidade

Capital do distrito e da Alta Estremadura, Leiria Goza de Atributos que lhe conferiram credenciais de centro comercial, industrial e turistico dos mais importates do País, mantendo crescimento moderno, constante e progressivo.


Possuindo privilégios invejáveis (clima, paisagem, património monumental), leiria adquiriu capacidade de óptimo aproveitamento dos recursos e predomínio destacado sobre outras regiões, ultrapassando dependencias quer a norte, quer a sul. Referimo-nos, naturalmente, aos recursos da vária ordem que beneficiam da excepcional situação geográfica no eixo rodoviário Lisboa-Porto. Servida por vias de comunicação rodo e ferroviária com estação na cidade é o segundo centro rodoviário de Portugal.

Dotada de estruturas de apoio no ramo da hotelaria, leiria não tem subestimado a procura turística de alto peso económico na região, encontrando-se em condições de responder às necessidades crescentes de alojamento.

A cultura florestal ocupa desde há séculos área considerável da regiao e tem o simbolo e realidade maior no Pinhal chamado El-Rei ou de Leiria, ocupando 11 mil hectares. O pinhal de Leiria é atribuído à acção de D.Dinis com a finalidade essencial de proteger as terras férteis das areias do mar. Daí estabelerecem-se na região importantes indústrias extractivas, transformadoras e de equipamento: madeiras, resinas, vidreira, cimenteira, metalocerãmica e outras.


Localizada no centro da orla ocidental e beneficiando de priveligiadas condições climatericas, Leiria é o segundo concelho do distrito em termos de superfície(cerca de 550 km2) e o mais populoso, com mais de 130 mil habitantes.

Dividem-se as opiniões acerca da origem do topónimo Leiria. Uns pretendem-na da junção de Lis e Lena, outros de la Eirena, antropónimo feminino medieval correspondente a Santa Iria, ao redor da qual o povo teceu curiosas lendas.


Seja como for, as origens da cidade reportam-se aos começos da Reconquista, podendo fixar-se, na época das lutas(entre cristãos e mouros), pela fixação das fronteiras do Condado. Leiria conserva a história guerreira evocando ainda hoje páginas dessa epopeia decisiva para o alicerçar(com sacrifícios) da Nacionalidade. A importância da “Vila” de leiria(fundada em 1135) com origem em razões defensivas, adveio-lhe do castelo(cuja data de construcção se desconhece), servindo muitas vezes e por longos períodos de residência da corte e sede do reino. A tradição refere que em 1137 os mouros cercaram o castelo tendo sucumbido na refrega 240 cavaleiros cristãos, enquanto o nosso primeiro rei andaria em guerra pela Galiza com seu primo Afonso VII. Sabendo do sucedido, veio em socorro da vila que tomou ao inimigo. Três anos mais tarde, nova investida sarracena recuperou o castelo, dizimando e aprisionando a guarnição, no número da qual se encontrava o alcaide(Paio Guterres). D.Afonso Henriques tê-lo-á retomado e mandado reconstruir.

Com a tomada de Santarém e Lisboa aos mouros, a fortaleza leiriense perdeu importãncia militar e estratégica.


Os cónegos regrantes do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra tiveram sob sua jurisdição até o século XVI a região de Leiria e, a terra do mesmo território(mais a sul) entregue aos cuidados colonizadores dos monges de Alcobaça. Foi decisiva a acção quer dos primeiros, quer dos segundos na colonização e desenvolvimento agrícola do território leiriense.

Em 1254, D.Afonso III convocou as Cortes de Leiria nelas tomando assento, pela primeira vez, os procuradores dos concelhos, legítimos representantes das classes populares. Tiveram lugares provavelmente no castelo ou nos paços existentes na Cerca. Sabe-se um dos principais objectivos dessas Cortes: deliberar quanto ao estado(deplorável) do reino e “sobre assuntos a corrigir e a emendar”. Em Novembro de 1372 reuniram novamente reflectindo sobre o ambiente de previsão da 2º guerra com Castela; as de 1376(ainda no reinado de D.fernando) terão abordado os esponsórios da infanta D.Beatriz(filha de D.Fernando) com o filho ilegítimo do rei de Castela(Henrique II). E, finalmente, as últimas Cortes, nofinal do reinado de D.Duarte(1438) decidiram da entrega de ceuta exigida em troca do resgate do infante D.Fernando.

Leiria foi palco de acontecimentos importantes da História. Façamos referência a alguns: daqui foi enviado documento da fundação da Universidade por D.Dinis(maio de 1290); o príncipe herdeiro D.Afonso(D.Afonso IV), em conflito com o pai pôs cerco ao castelo só o abandonando perante a aproximação do exército. O altar da capela de S.Simão foi testemunha do acordo de paz devido à interferência da bondosa Rainha Santa entre o marido e o filho.


Os esponsais da infanta menos D.beatriz(de 4 anos) com o filho D.Henrique de Castela tiveram lugar em Leiria; em 1385 o rei de Castela passou por leiria com as suas tropas a caminho de Lisboa. O alcaide D.Garcia Rodrigues Taborda recusou-lhe entrada mas acabou por fornecer mantimentos e seguir com o exército inimigo. Fiel a D.Leonor, recusou a servir o mestre de Avis e acabou por ter um fim trágico na Batalha de Aljubarrota.

D.João I passou por leiria a caminho da Senhora da Oliveira(Guimarães), confiando a alcaidaria a Lourenço Martins; o filho bastardo, D.Afonso(refere a tradição) terá desposado em Leiria D.Beatriz, filha única de Nuno Álvares Pereira; com o passamento de D.João I Leiria ouviu, da boca dos fidalgos e procuradores do povo.


Podemos definir Leiria com palavras deMiguel Torga acerca da estremadura : “A terra onde a História nao quis morrer”.

A fundação do bispado e a elevação a cidade conferiu nova dinâmica e decisivo impulso no crescimento de Leiria. O bispado foi instituído por bula papal (Paulo III) de 22 de Maio de 1545 e, simultaneamente, elevada a vila a cidade com a intercessão de D.João III. Extinta a diocese pelo cardeal D.Américo, por sentença de 4/9/1882 e fundamento na bula de Leão XIII (1881), bento IV restaurou o bispado por “breve” de 17 de Janeiro de 1918. Actualmente designa-se diocese de Leiria e Fátima.


Personagem e fazedor da História de Leiria e do país o leriense não descurou o trabalho produtivo, preocupando-se com o desenvolvimento da cidade e do município.

O largo do terreiro (hoje Cândido dos Reis) apresenta notável ala de residências seiscentistas a comprovar a preferência pelo local da burguesia mercantil e das famílias aristocráticas como as dos Ataídes, Charters e Zúquetes.

A monumentalidade da cidade é expressiva, apesar de terem desaparecido vários exemplares do património do passado, sacrificados às exigências do crescimento urbano: a casa da Câmara, o pelourinho, a igreja de S.Martinho, a capela dos Capuchos, a praça de touros(onde foi construido o lar da 3ª idade), o arco Santana, o paço manuelino do marquês de Vila Real (edificado no séc.XVI) e o teatro de D.Maria Pia (demolido em 1958), hoje meras evocações.

A partir dos finais do séc.XIX, Leiria dá o grande salto em frente. Afirmando uma indústria florescente (servindo o comércio) apoiada pelo caminho-de-ferro (1888) e portos de mar mais próximos. Com índices de crescimento acelerado, a capital do distrito, nos últimos trinta anos, despertou para uma gestão regional dos recursos naturais (incluindo os turísticos) e para o desenvolvimento.

É ainda importante referir que Leiria foi berço de personagens notáveis: Tomé Pires, o célebre boticário (séc.XV); Manuel Carreira Matoso (séc.XVII), lente de Medicina; Francisco Rodrigues Lobo, poeta e prosador, a quem D.Francisco Manuel de melo chamou “jardineiro da língua portuguesa, que tosou, poliu e cultivou como bom filho”; D.Pedro Vieira da Silva, magistrado e prelado, (secretário de Estado de D.João IV); Domingos Sequeira e os poetas Fernão Rodrigues Lobo Soropita, António Xavier Rodrigues Cordeiro, Acácio de Paiva e, o maior de todos, Afonso Lopes Vieira (1878-1946).

O Romancista Eça de Queirós, nomeado administrador do concelho, aqui encontrou inspiração para “O Crime do Padre Amaro” (1871), cuja acção decorre na cidade. Em Leiria fez a preparação para a carreira de cônsul e escreveu “O Mistério da Serra de Sintra”, de parceria com ramalho Ortigão.